(Foto: http://www.flickr.com/photos/nbarreto)
As borboletas são animais delicados e muito importantes na polinização de flores, mas quem pensa que todas elas são absolutamente inofensivas está redondamente enganado. Os lepidópteros – ordem à qual as borboletas e mariposas pertencem – têm estratégias incríveis para manter seus inimigos afastados. Você poderia imaginar, por exemplo, que uma borboleta em pleno voo seria capaz de advertir seus predadores de que ela pode não ser uma boa refeição para eles?
Pois isso acontece. Algumas borboletas, como a monarca (Danaus plexippus), apresentam cores vivas e contrastantes, que servem como um aviso para os predadores. Essas cores indicam que elas não têm um gosto agradável e podem causar diversas reações a predadores, como náusea, vômito e, até mesmo, a morte. De alguma forma, certos inimigos naturais entendem a sinalização e aprendem a evitar atacar as borboletas com essas cores.
Existem, porém, outras espécies de borboletas que poderiam ser bem agradáveis ao paladar dos predadores, mas que imitam o padrão de cor das monarcas e, dessa forma, evitam ser devoradas. Esse tipo de imitação, que aconteceu naturalmente ao longo da evolução da espécie, é chamado de mimetismo e é considerado pelos pesquisadores como uma estratégia de defesa, porque predadores evitarão também essas borboletas imitadoras.
Na verdade, as borboletas dão amostras de suas estratégias desde o período em que ainda são lagartas. Nesta fase jovem do ciclo de vida, os lepidópteros ficam muito tempo expostos enquanto se alimentam e correm risco de serem atacados. Por essa razão, também precisam de boas estratégias de proteção contra predadores.
Atente para como as lagartas da borboleta-monarca conseguem isso: depois que as fêmeas adultas colocam seus ovos nos botões das flores ou sob as folhas de uma planta tóxica conhecida como oficial-de-sala (Asclepias curassavica), eles eclodem, e deles nascem pequenas lagartas. Enquanto essas lagartas se alimentam, vão acumulando em seus corpos as substâncias tóxicas que as tornam desagradáveis ao paladar de certas espécies, como pássaros. E não é só isso. Durante o desenvolvimento e as transformações das lagartas (metamorfose), as substâncias tóxicas passarão para a pupa e, depois, para a borboleta adulta. Por isso, em todas as fases da sua vida, a monarca provocará a mesma reação de rejeição nesses predadores.
As monarcas não sabem, mas são danadas!
Raquel Sanzovo Pires de Campos e
Lúcia Maria Paleari
Instituto de Biociências
Universidade Estadual Paulista - Botucatu
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