Os
seres vivos se relacionam com o meio, mas também estabelecem relações entre si.
Essas relações, que podem ser positivas ou negativas para cada
individuo, costumam ocorrer entre indivíduos da mesma espécie ou entre
indivíduos de espécies diferentes.
As
relações positivas são denominadas harmônicas e as negativas, desarmônicas.
RELAÇÕES
ENTRE INDIVÍDUOS DA MESMA ESPÉCIE
{ COLÔNIAS E SOCIEADES.
RELAÇÕES
ENTRE INDIVÍDUOS DE ESPÉCIES DIFERENTES:
·
HARMÔNICAS OU POSITIVAS – MUTUALISMO, PROTOCOOPERAÇÃO, COMENSALISMO E EPIFITISMO.
·
NEGATIVAS OU DESARMÔNICAS – PREDATISMO, PARASITISMO, AMENSALISMO.
RELAÇÕES HARMÔNICAS
Considera-se relações harmônicas aquelas
em que não há prejuízo para nenhum dos seres vivos participantes.
·
COLÔNIAS – São formadas por indivíduos uni ou
pluricelulares que vivem ligados fisicamente. Podem ser aquáticos ou
terrestres, mas em qualquer ambiente aumentam a proteção de seus indivíduos
contra agentes externos.
Algumas colônias são mais simples e outras, mais complexas. Em algumas
há inclusive divisão de trabalho,
isto é, indivíduos de uma mesma colônia com funções diferentes. Um exemplo é a
caravela, um cnidário marinho.
Caravela, um cnidário marinho. |
Outros organismos que formam colônias são as cianobactérias, muitos
protistas, bactérias e fungos.
·
SOCIEDADES – São associações entre seres da mesma
espécie.
Indivíduos que têm capacidade de viver sozinhos formam grupos em que
levam vida em coletividade.
Numa sociedade é comum a divisão de trabalhos.
Tomemos como exemplo a sociedade das abelhas. Há três tipos de
indivíduos em uma colmeia: rainha, operárias e zangões.
A rainha é a fêmea encarregada de comandar a colmeia e de deixar
descendentes. As operárias também são fêmeas, mas estéreis, ou seja, não são
capacitadas para a reprodução. Fazem, entretanto, todos os serviços na
sociedade, desde limpar a colmeia e alimentar as pequenas larvas até cuidar da
defesa e coletar alimento. Os zangões são os machos. Nada fazem senão fecundar
a rainha. Essa é a única e importante função deles.
Na sociedade das abelhas, o trabalho dividido torna o grupo mais forte.
É uma forma de vencer na luta pela vida. Espécies solitárias têm mais
dificuldade de sobrevivência.
Colmeia de abelhas |
Veja a seguir relações harmônicas entre indivíduos de espécies
diferentes.
·
MUTUALISMO – Esse tipo de relação é benéfico para ambos
os organismos, e um não pode viver sem o outro.
Animais como bois, cabras, girafas e
búfalos, por exemplo, apresentam relações de mutualismo com certas espécies de
bactérias que se desenvolvem numa parte do seu estomago denominada pança. Tais
bactérias digerem um tipo de açúcar, a celulose, presente no capim. Sem a ajuda
dessas bactérias, a celulose do capim não pode ser digerida.
O cupim é um pequeno inseto que come madeira, também rica em celulose,
mas ele não consegue digerir essa substância.
Como, então, o cupim pode se nutrir se não digere o seu principal
alimento?
Há um microrganismo que vive dentro do seu intestino, um protozoário
flagelado, que consegue digerir a celulose da madeira. Dessa forma, ocorre uma
associação entre o cupim e o protozoário flagelado. O cupim abriga o
protozoário e fornece celulose. O protozoário digere essa celulose e ambos são
beneficiados. É uma troca de favores e trata-se de uma associação obrigatória,
pois os dois não poderiam viver sem esse auxílio.
Liquens sobre o tronco de árvore |
Os liquens resultam de uma
associação entre algas unicelulares e certos fungos. Trata-se de uma associação
de mutualismo, pois tanto a alga quanto o fungo se beneficiam dela. A alga é
capaz de fazer a fotossíntese, enquanto o fungo absorve e retém água com mais
facilidade. Graças a isso, locais despovoados muitas vezes são colonizados por
liquens, isto é, eles são os primeiros seres vivos a se estabelecer em lugares
como esses.
·
PROTOCOOPERAÇÃO – Também na protocooperação, os dois seres
vivos que se relacionam levam vantagem. Mas não é uma relação obrigatória, isto
é, os dois associados podem viver separados.
O paguro é um crustáceo, também conhecido
como bernardo-eremita, ou ermitão,
que vive dentro de uma concha vazia de molusco para melhor proteger seu abdome
mole.
Anêmona sobre paguro |
A anêmona é um parente da água-viva. Possui, como ela, células
urticantes nos tentáculos, com ação paralisante sobre pequenos animais. Vive
normalmente fixa nas rochas.
Uma anêmona pode, ao encontrar um paguro, fixar-se sobre a mesma concha
em que ele vive.
Dessa forma a anêmona passa a ter locomoção gratuita para obter
alimento, e o paguro fica mais seguro contra o ataque de outros animais graças
à presença da anêmona com seus tentáculos providos de células urticantes.
O colorido peixe-palhaço vive protegido entre os tentáculos urticantes
de uma anêmona-do-mar, aos quais é imune, ao mesmo tempo que atrai outros
animais que são devorados pela anêmona.
·
COMENSALISMO – Associação em que um indivíduo se aproveita
dos restos dos alimentos de outros sem prejudicá-lo.
Um exemplo de comensalismo é o do
passarinho que se alimenta dos restos alimentares encontrados entre os dentes
dos crocodilos que vivem às margens do rio Nilo, na África.
Outro exemplo é a associação entre o tubarão e um peixe conhecido pelo
nome de rêmora.
Rêmora fixada no tubarão |
Esse peixe possui uma ventosa na cabeça, com a qual se fixa no tubarão,
com isso, ele se desloca sem trabalho e se alimenta com as sobras deixadas pelo
tubarão.
EPIFITISMO – Forma de relação harmônica entre plantas
que se desenvolvem sobre outras sem parasitá-las. É como se fosse uma chance de
sobrevivência das plantas de pequeno porte que se estabelecem sobre as grandes
árvores em busca de luz e ventilação.
Bromélias sobre uma árvore |
As orquídeas e as bromélias são exemplos de
plantas epífitas.
As orquídeas possuem raízes que se agarram aos troncos altos,
funcionando como filtros absorventes e captando a água e sais minerais
diretamente do ar sem prejudicar a planta na qual estão instaladas.
As bromélias, na natureza, absorvem pelas
raízes apenas os sais minerais que escorrem, com a água da chuva, ao longo do
tronco das árvores onde estão fixadas. A água depositada no centro das
bromélias atrai insetos, que se decompõem e fornecem nutrientes à planta.
RELAÇÕES DESARMÔNICAS
Existem relações em que pelo menos um dos indivíduos leva desvantagem.
Nesse caso, a relação não é harmônica. Usa-se a palavra desarmônica para definir essa situação.
São exemplos de relações desarmônicas: predatismo, parasitismo e
amensalismo.
·
PREDATISMO – Na relação denominada predatismo, um ser
vivo mata outro pra comer.
Serpente comendo um sapo |
As espécies que se utilizam de outros organismos
vivos como alimento são denominados
predadores e suas vitimas, presas.
Uma característica dos predadores é que precisam se deslocar para
alcançar as presas, em geral devoradas rapidamente. Por isso eles têm
musculatura forte, sistema nervoso bem complexo e os sentidos bem
desenvolvidos.
O canibalismo é um tipo de relação
semelhante ao predatismo. A única diferença é que ocorre sempre entre seres da
mesma espécie.
Dois exemplos de canibalismo bem conhecidos são o da aranha viúva-negra
e o do louva-a-deus.
Aranha viúva-negra |
A viúva-negra (fêmea) mata e devora o macho após ser fecundado por ele.
O mesmo faz a fêmea do louva-a-deus.
·
PARASITISMO – No parasitismo um animal vive à custa de
outro, se possível sem matá-lo. É uma relação diferente do predatismo, pois,
enquanto o predador precisa procurar a presas e matá-las, ao parasita
normalmente basta achar um hospedeiro e nele ficar, se possível, para sempre,
sem necessidade de matá-lo.
Carrapato, um ectoparasita |
Os vírus mantêm características de ser vivo
parasitando o ser humano, outros animais e plantas. As bactérias patogênicas,
isto é, as que causam doenças, também são parasitas. Certos protozoários, como
o tripanossomo e a entamoeba, parasitam o ser humano causando-lhe doenças. O
primeiro é responsável pela doença de Chagas e o segundo provoca distúrbios
digestivos. São também parasitas humanos, entre outros, a lombriga, o
ancilóstomo, o esquistossomo e a solitária. Todos endoparasitas.
Alguns parasitas são externos, como os carrapatos, os piolhos, as
pulgas, certos vermes e as lampreias, alimentando-se principalmente de sangue
dos seus hospedeiros.
·
AMENSALISMO – Nesse tipo de relação, uma espécie é
prejudicada enquanto a outra não leva nenhuma vantagem com isso.
Fenômeno da maré vermelha |
Alguns fungos eliminam substâncias que
matam bactérias, das quais são fabricados antibióticos. Algas microscópicas – dinofíceas
-, sob certas condições nas águas superficiais do oceano, eliminam substâncias
que tingem a água e intoxicam peixes e outros organismos. É a maré vermelha.
Tais substâncias não são eliminadas com o objetivo de “agredir” outra
espécie; é o mesmo que acontece quando expelimos nossa urina.
CONTROLE BIOLÓGICO
Para
evitar o envenenamento do ambiente com pesticidas ou agrotóxicos, cujos resíduos
podem passar para os alimentos, ou evitar o prejuízo de milhões de reais com o
ataque de parasitas à lavoura, podemos combater e eliminar uma espécie nociva lançando
mão de outra espécie predadora, parasita ou competidora em relação à primeira.
Controle
biológico ou manejo ecológico de uma espécie é exterminá-la ou limitar o aumento
de sua população sem provocar desequilíbrios ecológicos.
Exemplos:
·
Plantações
de algodão eram atacadas por um inseto chamado bicudo, exterminado pela
joaninha, um inseto carnívoro.
·
Peixes
larvófagos (que comem larvas) são usados em represas e mananciais para impedir
o nascimento dos mosquitos transmissores de várias doenças.
·
Um biocida
preparado à base de bactérias serve para eliminar larvas da mosca pium, o
borrachudo, nos remansos de água, uma vez que ela permite a oncocercose ou
cegueira dos rios, verminose que ataca inclusive o bulbo do olho (denominado
globo ocular na antiga nomenclatura).
FONTE: Livro de ciências do 7º ano, CIÊNCIAS NOVO PENSAR - SERES VIVOS -
Autores - Demétrio Gowdak e Eduardo Martins - Ed. FTD.
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