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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

OS EQUINODERMOS

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Estrela-do-mar e ouriço-do-mar, os equinodermos mais conhecidos (note que na imagem acima também há um siri, que não é um equinodermo, mas um crustáceo).
     Os equinodermos (dos termos latinos echinos, que significa espinhos; e derma, pele), são os animais invertebrados mais próximos dos vertebrados de acordo com características evolutivas. Podemos adiantar que esses animais chamam atenção pela presença de espinhos no seu corpo. Mas isso ainda é muito pouco. Vejamos outras características.

     São animais exclusivamente marinhos. Alguns nos encantam desde que somos crianças, como as estrelas-do-mar; outros nos assustam, sobretudo pela experiência dolorosa que podemos ter com eles, como os espinhosos ouriços-do-mar. Quem tem o hábito de caminhar sobre as pedras e corais à beira-mar certamente sabe do estamos falando: quando a maré está baixa em algumas praias, muitos desses animais acabam ficando à vista. Exóticos e coloridos, apesar da aparente quietude e simplicidade, são animais invertebrados de vida ativa e um organismo complexo.

     Além destes, podemos citar os pepinos-do-mar, as bolachas-da-praia e os lírios-do-mar. Geralmente, estão no leito dos oceanos, deslocando-se e explorando lentamente o ambiente em busca de comida e reprodução.

·         Características gerais.

     Ao contrário dos artrópodes que possuem exoesqueleto, todos os equinodermos possuem um endoesqueleto, ou seja, um esqueleto interno, rico em calcário, de onde partem espinhos ou apenas tubérculos (pequenas proeminências espinhosas). Se o esqueleto é interno, então podemos dizer que ele é revestido de tecido; nesse caso, uma fina camada de epiderme.

     Os equinodermos possuem um sistema digestório completo, formado de boca, estômago, intestino e ânus, com exceção dos ofiuroides, que não possuem estômago. Entre as espécies, há aqueles que se alimentam apenas de algas e detritos orgânicos; outros se alimentam de pequenos crustáceos e moluscos; e há ainda os que se alimentam da carcaça de animais mortos.

     Vejamos com detalhes o organismo de um ouriço-do-mar.

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Estrutura interna do ouriço-do-mar

     Observe que o ânus fica localizado na superfície superior do animal (face dorsal), enquanto a boca fica na superfície inferior. Nela, encontramos a lanterna de Aristóteles, estrutura formada por cinco dentes calcários.

     A principal característica dos equinodermos é a presença de um sistema ambulacrário, ou aquífero, formado por placa madrepórica ou madreporito, geralmente localizada na face dorsal, por onde a água do mar penetra. Além disso, também encontramos os pés ambulacrais – cilindros fechados que se estendem para o meio externo através de poros existentes no esqueleto. Todo esse sistema está relacionado, de uma forma geral, com a locomoção, circulação, respiração, excreção e percepção tátil dos equinodermos.

     Já o sistema nervoso é formado por um nervo anelar em torno da faringe. Eles não possuem coração nem sistema circulatório.

     A excreção ocorre em qualquer parte do corpo por difusão (passagem de soluto sem gasto de energia) ou por meio dos pés ambulacrários. O processo de respiração também ocorre através dos pés ambulacrais.

Fonte: Ciências e Cotidiano- Manual do Educador – 7º Ano – Francisco Buarque e Maria Ambrosia – Editora Construir – 1ª Edição.


     

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO HUMANA


NOSSO PARENTESCO COM OS ANIMAIS

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A evolução da espécie humana

     Até o século XVIII, a espécie humana era considerada inteiramente diferente de todos os outros seres vivos, visão compartilhada por eminentes teólogos e filósofos, como Kent e Descartes. Entretanto, as semelhanças entre seres humanos e chimpanzés já haviam sido notadas por Lineu, que classificou esses macacos antropoides no gênero homo.

     Darwin foi o primeiro a propor nossa relação de parentesco evolutivo com os grandes macacos, incluindo definitivamente a espécie humana no reino animal e, de certa forma, destronando-a do ponto mais alto da criação. Embora Darwin tenha sido cauteloso em suas proposições, alguns de seus contemporâneos, como Thomas Huxley e Erns Haeckel, defenderam vigorosamente a ideias equivocada de que nossa espécie se originara diretamente de macacos como o gorila e o chimpanzé. Segundo os evolucionistas atuais, porém, esses antropoides e a espécie humana tiveram um ancestral em comum há relativamente pouco tempo, possivelmente entre 8 milhões e 5 milhões de anos atrás.

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A semelhança entre seres humanos, chimpanzés, gorilas e orangotangos são bem evidentes, pois pertencem a um ancestal comum.

·         Evidências da evolução.

     Os cientistas consideram basicamente três tipos de evidências para desvendar o parentesco e a história evolutiva dos organismos: semelhanças anatômicas e fisiológicas entre grupos de organismos, fósseis e semelhanças moleculares. Vamos analisar como essas evidências têm sido empregadas no estudo da evolução humana.

     Os seres humanos apresentam grandes semelhanças anatômicas com os macacos antropoides, principalmente com o chimpanzé. As diferenças resumem-se, basicamente, à proporção entre braços e pernas, ao grau de mobilidade do primeiro dedo, à distribuição dos pêlos corporais e à dentição. Além disso, o encéfalo humano é proporcionalmente maior que o do chimpanzé. A capacidade craniana, que reflete o tamanho do encéfalo, é da ordem de 1.350 cm3 na espécie humana e de cerca de 400 cm3 nos chimpanzés.  

     Quanto aos fósseis, Darwin previu, em 1871, que seriam encontrados vestígios de ancestrais humanos na África. Ele se baseou no fato de que gorilas e chimpanzés – nossos parentes mais próximos, segundo sua teoria – só eram encontrados nesse continente, onde deviam ter vivido os ancestrais comuns à espécie humana e a esses animais. Na época, essas conclusões não foram bem recebidas pelo mundo cientifico. Além da falta de evidências que comprovassem a hipótese de Darwin, havia uma certa predisposição da cultura europeia em rejeitar a ideia de que o berço da humanidade havia sido o continente africano.

     Até a década de 1920, fósseis claramente relacionados à ancestralidade humana tinham sido encontrados apenas na Europa e na Ilha de Java, na Indonésia. Foi somente em 1924 que Raymond Dart (1893-1989), um professor de anatomia australiano, encontrou pela primeira vez, na África, o crânio fóssil de um hominídeo, classificado como Australopthecus africanus. Conta-se que Dart levou mais de dois meses escavando a rocha ao redor do fóssil com uma pequena lâmina, até libertá-lo totalmente. Logo em seguida, ocorreram novos achados. No período entre 1936 e 1940, o médico escocês e paleontologista amador Robert Broom (1866-1951) descobriu, em uma caverna do sul da África, outros fósseis de A. africanus e um fóssil de outro hominídeo, chamado então de Paranthropus robustus (atualmente classificado como Australopithecus robustus ).

     Outros paleontólogos conhecidos por suas descobertas de fósseis da linhagem humana são Louis Leakey e sua esposa, Mary Leakey. Eles encontraram, em 1959, fósseis de um novo australopiteco (A. bolsei). Em 1978, Mary Leakey descobriu pegadas fósseis deixadas em cinza vulcânica por três prováveis australopitecos.

     O documentário fóssil sobre a história evolutiva humana ainda é muito incompleto no período que vai de 13 milhões a 6 milhões de anos atrás. Foi nesse intervalo que provavelmente ocorreu a diversificação das linhagens que originaram gorilas, chimpanzés e seres humanos. Recentemente foram descobertos fósseis importantes de primeiros hominídeos, datados entre 6,5 milhões e 5,5 milhões de anos, como o Sahelanthropus sp. e o Orrin sp. Esses hominídeos viveram provavelmente, logo após a separação da linhagem humana daquela que originou os chimpanzés.

     A maioria dos fósseis da linhagem humana resume-se apenas a partes de indivíduos, como fragmentos de mandíbula, dentes, partes do crânio e de membros etc.; raramente encontram-se fósseis de indivíduos completos. Por isso, qualquer tentativa de reconstruir a estrutura corporal do ser quando vivo exige um estudo exaustivo e rigoroso. Outra dificuldade dos cientistas é que, mesmo sendo possível reconstituir a aparência de um individuo a partir de seus fósseis, não se sabe qual é o grau de variação existente naquela espécie, isto é, se o individuo fossilizado é realmente representativo de sua linhagem. Evidentemente, à medida que novos fósseis são encontrados, certas hipóteses são reforçadas, enquanto outras têm de ser reformuladas; é assim que o reconhecimento sobre a história evolutiva humana progride. Com certeza, ainda ocorrerão muitas mudanças no quadro atual da classificação humana, apresentado aqui.
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Fragementos de um fóssil 

     Um grande avanço nos estudos de evolução deve-se à constatação de que as moléculas orgânicas dos seres vivos evoluem segundo os mesmos princípios que as características anatômicas e fisiológicas. Consequentemente, as semelhanças moleculares, do mesmo modo que as semelhanças anatômicas, ajudam a inferir o grau de parentesco evolutivo entre os organismos. Recentemente, fizeram-se comparações detalhadas entre ácidos nucleicos e proteínas dos mais diversos seres vivos. No caso da espécie humana, os resultados das análises comparativas mostraram que, de fato, os chimpanzés são mais semelhantes a nós, do ponto de vista molecular, que qualquer outro ser vivo.


Fonte: Biologia das Populações. Volume 3. José Mariano Amabis, Gilberto Rodrigues Martho. Editora Moderna.
    
         
      

    

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

ECOLOGIA EM FOCO



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Ernst Haenckel, formulou o conceito da plavra ECOLOGIA


·         O QUE É ECOLOGIA?

     A ecologia é a ciência que estuda o meio ambiente, ou seja, a nossa casa (o lugar que habitamos) e os seres vivos que o compartilham conosco. Quantos são eles, onde estão e porque estão ali são alguns dos questionamentos que servem como base para o estudo da ecologia.

·         HISTÓRICO DA ECOLOGIA.

     Por volta de 1870, um alemão chamado Ernst Haeckel (1834-1919) difundiu o termo ecologia (Okologie – do grego oikos = casa e logos = estudo) para se referir à ciência que estuda a natureza no que diz respeito às relações entre os seres vivos e o ambiente em que estão inseridos.

     Desde então, essa ciência começou a se difundir pelo mundo e se tornar parte dos mais diversos campos de estudo, passando a ser considerada uma matéria interdisciplinar. Biologia, física, química, geografia, antropologia, sociologia, direito, enfim, muitas ciências encontram espaço nesse universo de conhecimento. Por isso, a ecologia é uma das áreas mais estudadas atualmente em todo o mundo.

     As raízes da ecologia caem nos estudos ligados à História Natural, algo que, em essência, é tão antigo quanto o homem. Os egípcios e babilônicos aplicaram métodos ecológicos para combater as pragas que assolavam suas culturas de cereais no vale do Rio Nilo, bem como na Mesopotâmia (Odum, 1977). Os gregos (Hipócrates, Aristóteles) produziram textos claramente ecológicos (Allan, 1970). Passada a Idade Média, período caracterizado pelo domínio da igreja e sua visão aristotélica da natureza, surgem novas contribuições ao estudo ecológico. Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), naturalista holandês, mais conhecido por ter inventado o microscópio, também estudou e evidenciou a importância das cadeias alimentares e a regulação de populações (Dubois et al., 1938). Gaunt (sec. XVI) foi o pioneiro da demografia. Ele trabalhou em sensos da população humana na cidade de Londres e reconheceu a importância da determinação quantitativa das taxas de nascimentos, mortalidade, razão sexual e estrutura de idade das populações. Outro naturalista, Buffon (1756), assinalou que existem “forças” capazes de contrabalançar o crescimento populacional, ou seja, o principio básico da regulação ecológica das populações.

     As populações mais importantes para o estabelecimento da ecologia moderna aconteceram somente ao final do século XVIII e durante a primeira metade do século XIX. Malthus (1798) determinou que as populações podem crescer em ritmo exponencial (modelo densidade independente), enquanto os recursos de que elas necessitam crescem em ritmo aritmético. Verhulst (1838) derivou a curva logística de crescimento populacional (modelo densidade dependente). Farr (1843) descobriu a relação existente entre taxa de mortalidade e densidade de uma população.

  •      ENTENDENDO A ECOLOGIA.

     O instinto de sobrevivência é, talvez, o comportamento mais natural entre todos os seres; logo, “manter-se vivo” tem sido uma das maiores preocupações para o homem desde que começou povoar a Terra. A obtenção de alimentos, pela caça, pesca ou coleta de vegetais, era/é, sem dúvida, um fator básico de subsistência entre todos os animais. Mas o homem não se limitou a isso.

     Com o tempo, conhecer a natureza tornou-se cada vez mais importante. Esse conhecimento passou a ser usado com várias finalidades: religiosas, ritualísticas e ainda para a sobrevivência.

     Desde as tribos mais primitivas, os caçadores estudavam suas presas e desenvolviam técnicas cada vez mais aprimoradas de ataque. Quando a agricultura surgiu, os homens passaram a estudar as estações do ano, as chuvas, as técnicas de cultivo e os próprios vegetais que plantavam.

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Os homens primitivos já conheciam os hábitos dos animais que caçavam

     Na Grécia Antiga, muitos filósofos, principalmente Aristóteles, desenvolveram ideias sobre o planeta Terra e sobre os seres vivos. Contudo, foi apenas nos séculos XVIII e XIX, com a contribuição de grandes pesquisadores e pensadores como Lineu (classificação dos seres), Buffon (origem dos seres), Humboldt (biologia), Darwin (evolução), Wallace (biogeografia), Malthus (estudo das populações) entre outros, que a ciência natural começou a despertar como fator de grande importância para a sociedade.

     Apesar disso, a ecologia só veio a ser considerada como ciência a partir de 1930 e, mesmo assim, foi muito tempo deixada em segundo plano, pois não era considerada tão importante quanto as ciências mais antigas, como física e matemática. Infelizmente, isso não é tão positivo, pois esse reconhecimento aconteceu porque foi apenas naquele período que o homem começou a perceber o quanto estava destruindo a natureza.

Fonte: Manual do Educador; Ciências e Cotidiano – 6º ano. Meio Ambiente. Francisco Buarque e Maria Ambrosia. Editora Construir – 1ª edição.  
          

      

domingo, 17 de janeiro de 2016

FEBRE CHIKUNGUNYA


O que é Febre Chikungunya?
Getty Images
Febre chikungunya é transmitida pelo mosquito Aedes aedypti



Sinônimos: febre chicungunha
     Febre Chikungunya é uma doença parecida com a dengue, causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae. Seu modo de transmissão é pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado e, menos comumente, pelo mosquito Aedes albopictus.
     Seus sintomas são semelhantes aos da dengue: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço. Porém, a grande diferença da febre chikungunya está no seu acometimento das articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local.
     A febre chikungunya teve seu vírus isolado pela primeira vez em 1950, na Tanzânia. Ela recebeu esse nome pois chikungunya significa “aqueles que se dobram” no dialeto Makonde da Tanzânia, termo este usado para designar aqueles que sofriam com o mal. A doença, apesar de pouco letal, é muito limitante. O paciente tem dificuldade de movimentos e locomoção por causa das articulações inflamadas e doloridas, daí o “andar curvado”.
     Os mosquitos transmitiam a doença para africanos abaixo do Saara, mas os surtos não ocorriam até junho de 2004. A partir desse ano, a febre chikungunya teve fortes manifestações no Quênia, e dali se espalhou pelas ilhas do Oceano Índico. Da primavera de 2004 ao verão de 2006, ocorreu um número estimado em 500 mil casos.
     A epidemia propagou-se do Oceano Índico à Índia, onde grandes eventos emergiram em 2006. Uma vez introduzido, o CHIKV alastrou-se em 17 dos 28 estados da Índia e infectou mais de 1,39 milhão de pessoas antes do final do ano. O surto da Índia continuou em 2010 com novos casos aparecendo em áreas não envolvidas no início da fase epidêmica.
     Os casos também têm sido propagados da Índia para as Ilhas de Andaman e Nicobar, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Singapura, Malásia, Indonésia e numerosos outros países por meio de viajantes infectados. A preocupação com a propagação do CHIKV atingiu um pico em 2007, quando o vírus foi encontrado no norte da Itália após ser introduzido por um viajante com o vírus advindo da Índia.
     As taxas de ataque em comunidades afetadas em recentes epidemias variam de 38% a 63% e, embora em níveis reduzidos, muitos casos destes países continuam sendo relatados. Em 2010, o vírus continua a causar doença em países como Índia, Indonésia, Myanmar, Tailândia, Maldivas e reapareceu na Ilha Réunion.
     Casos importados também foram identificados no ano de 2010 em Taiwan, França, Estados Unidos e Brasil, trazidos por viajantes advindos, respectivamente, da Indonésia, da Ilha Réunion, da Índia e do sudoeste asiático.
     Atualmente, o vírus CHIKV foi identificado em ilhas do Caribe e Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado do Amapá. Isso quer dizer que a febre chikungunya está migrando e pode chegar ao Brasil, onde os mosquitos Aedes aegypti e o Aedes albopictus têm todas as condições de espalhar esse novo vírus.

Causas

     A febre chikugunya não é transmitida de pessoa para pessoa. O contágio se dá pelo mosquito que, após um período de sete dias contados depois de picar alguém contaminado, pode transportar o vírus CHIKV durante toda a sua vida, transmitindo a doença para uma população que não possui anticorpos contra ele. Por isso, o objetivo é estar atento para bloquear a transmissão tão logo apareçam os primeiros casos.
     O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana. Após este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito adulto vive em média 45 dias. Uma vez que o indivíduo é picado, demora no geral de dois a 12 dias para a febre chikungunya se manifestar, sendo mais comum cinco a seis dias.
     A transmissão da febre chikungunya raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16° C, sendo que a mais propícia gira em torno de 30° a 32° C - por isso ele se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. A fêmea coloca os ovos em condições adequadas (lugar quente e úmido) e em 48 horas o embrião se desenvolve. É importante lembrar que os ovos que carregam o embrião do mosquito transmissor da febre chikungunya podem suportar até um ano a seca e serem transportados por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes e esperando um ambiente úmido para se desenvolverem. Essa é uma das razões para a difícil erradicação do mosquito. Para passar da fase do ovo até a fase adulta, o inseto demora dez dias, em média. Os mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após se tornarem adultos. Depois, as fêmeas passam a se alimentar de sangue, que possui as proteínas necessárias para o desenvolvimento dos ovos.
     O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar, transmitindo a febre chikungunya, nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte. No entanto, mesmo nas horas quentes ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noite. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no momento. Por ser um mosquito que voa baixo - até dois metros - é comum ele picar nos joelhos, panturrilhas e pés.
     Além de transmitir dengue e febre chikungunya, a fêmea do Aedes aegypti também passou a carregar o vírus responsável pela febre Zika.

Fatores de risco

     A febre chikungunya pode afetar pessoas de todas as idades e ambos os sexos. Entretanto, a apresentação clínica é conhecida por variar de acordo com a idade, sendo os muito jovens (neonatal) e idosos os mais afetados pelas manifestações graves da doença. Além da idade, as comorbidades (doenças subjacentes) também vêm sendo identificadas como fator de risco para pior evolução da doença.
     A maioria das infecções por CHIKV que ocorre durante a gravidez não resulta na transmissão do vírus para o feto. Existem, porém, raros relatos de abortos espontâneos após a infecção maternal por febre chikungunya. Aqueles infectados durante o período intraparto podem também desenvolver doenças neurológicas, sintomas hemorrágicos e doença do miocárdio. Anormalidades laboratoriais incluíram testes de função hepática aumentados, plaquetas e contagem de linfócitos reduzidos e níveis de protrombina diminuídos.
     Indivíduos maiores de 65 anos tiveram uma taxa de mortalidade 50 vezes superior quando comparados ao adulto jovem (menores de 45 anos de idade). Apesar de não ser claro por que os adultos mais velhos têm um risco aumentado para doença mais grave, pode ser devido à frequência de comorbidades ou resposta imunológica diminuída.

Sintomas de Febre Chikungunya

     O período de incubação da febre chikungunya varia de dois a 12 dias. Muitas pessoas infectadas com CHIKV não apresentarão sintomas. O quadro clínico é muito semelhante ao da dengue, e os sintomas de febre chikungunya são:
  • Febre
  • Dor nas articulações
  • Dor nas costas
  • Dor de cabeça.
Outros sintomas incluem:
  • Erupções cutâneas
  • Fadiga
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Mialgias.
     Os sintomas comuns de chikungunya são graves e muitas vezes debilitantes, sendo as mãos e pés mais afetados. No entanto, pernas e costas inferiores frequentemente podem estar envolvidas.

Febre chikungunya x Dengue

     A febre chikungunya apresenta um quadro muito parecido com os sintomas da dengue. Entretanto, é importante diferenciar o diagnóstico das duas doenças, uma vez que a dengue é mais grave e seu tratamento pede um acompanhamento mais próximo. Também foram registrados casos em que as duas doenças ocorreram ao mesmo tempo.
     Observações de surtos prévios na Tailândia e na Índia têm demonstrado as principais características que distinguem o CHIKV de dengue. Na febre chikungunya, o choque ou hemorragia grave são raramente observados. O início é mais agudo e a duração da febre é muito mais curta.
     Embora as pessoas possam se queixar de dor corporal difusa na presença na dengue, a dor é muito mais pronunciada e localizada nas articulações e tendões nos casos de febre chikungunya.
Diagnóstico de Febre Chikungunya

     Se você suspeita de febre chikungunya, vá direto ao hospital ou clínica de saúde mais próxima. O diagnóstico deverá ser feito por meio de análise clínica e exame sorológico (de sangue). A partir de uma amostra de sangue, os especialistas buscam a presença de anticorpos específicos para combater o CHIKV no sangue. Isso indicará que o vírus está circulando pelo seu corpo e que o organismo está tentando combatê-lo.
Para diferenciar febre chikungunya da dengue, outros exames podem ser feitos:
  • Testes de coagulação
  • Eletrólitos
  • Hematócrito
  • Enzimas do fígado
  • Contagem de plaquetas
  • Teste do torniquete: amarra-se uma borrachinha no braço para prender a circulação. Se aparecerem pontos vermelhos sobre a pele, é um sinal da manifestação hemorrágica da dengue
  • Raio X do tórax para demonstrar efusões pleurais.

Tratamento de Febre Chikungunya

     Atualmente, não há tratamento específico disponível para a febre chikungunya. Para limitar a transmissão do vírus, os pacientes devem ser mantidos sob mosquiteiros durante o estado febril, evitando que algum Aedes aegypti o pique, ficando também infectado.
     É importante apenas tomar muito líquido para evitar a desidratação. Caso haja dores e febre, pode ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em alguns casos, é necessária internação para hidratação endovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de terapia intensiva.
     Como na dengue, pacientes com febre chikungunya devem evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada. Esses medicamentos têm efeito anticoagulante e podem causar sangramentos. Outros anti-inflamatórios não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser evitados. O uso destas medicações pode aumentar o risco de sangramentos.

Complicações possíveis

     A mortalidade por febre chikungunya é muito pequena. Entretanto, um aumento na taxa de óbito absoluto foi relatado durante as epidemias de 2004-2008 na Índia e na Ilha Maurício.
     Após os primeiros dez dias, a maioria dos pacientes sentirá uma melhora na saúde geral e na dor articular. Porém, após este período, uma recaída dos sinais pode ocorrer com alguns pacientes reclamando de vários sintomas reumáticos. Isso é muito comum entre dois e três meses após o início da doença. Alguns pacientes também podem desenvolver distúrbios vasculares periféricos, como a síndrome de Raynaud. Além dos sintomas físicos, a maioria dos pacientes reclama de sintomas depressivos, cansaço geral e fraqueza.
     Estudos da África do Sul mostraram que 12%-18% dos pacientes terão sintomas persistentes de 18 meses a três anos. Em estudos mais recentes na Índia, a proporção de pacientes com sintomas persistentes em dez meses após o início da doença foi de 49%, enquanto dados da Ilha Reunión demonstraram que 80%-93% dos pacientes se queixam de sintomas persistentes três meses após o início da doença, reduzindo para 57% aos 15 meses e 46% aos dois anos.
     O sintoma persistente mais comum é dor nas articulações decorrentes de inflamação, geralmente as mesmas articulações afetadas durante os estágios agudos. Outros sintomas, como cansaço e depressão, podem persistir após a fase aguda da doença.
     Entre os fatores de risco para não recuperação estão idade avançada (mais de 65 anos), problemas de articulação pré-existentes e doenças agudas mais graves.

Prevenção

     O mosquito Aedes aegypti é o transmissor do vírus e suas larvas nascem e se criam em água parada. Por isso, evitar esses focos da reprodução desse vetor é a melhor forma de prevenir a febre chikungunya! Veja como eliminar o risco:

Evite o acúmulo de água

     O mosquito coloca seus ovos em água limpa, mas não necessariamente potável. Por isso é importante jogar fora pneus velhos, virar garrafas com a boca para baixo e, caso o quintal seja propenso à formação de poças, realizar a drenagem do terreno. Também é necessário lavar a vasilha de água do bicho de estimação regularmente e manter fechadas tampas de caixas d'água e cisternas.

Coloque areia nos vasos de plantas

     O uso de pratos nos vasos de plantas pode gerar acúmulo de água. Há três alternativas: eliminar esse prato, lavá-lo regularmente ou colocar areia. A areia conserva a umidade e ao mesmo tempo evita que e o prato se torne um criadouro de mosquitos.
     Ralos pequenos de cozinhas e banheiros raramente tornam-se foco de febre chikungunya devido ao constante uso de produtos químicos, como xampu, sabão e água sanitária. Entretanto, alguns ralos são rasos e conservam água estagnada em seu interior. Nesse caso, o ideal é que ele seja fechado com uma tela ou que seja higienizado com desinfetante regularmente.

Limpe as calhas

     Grandes reservatórios, como caixas d'água, são os criadouros mais produtivos de febre chikungunya, mas as larvas do mosquito podem ser encontradas em pequenas quantidades de água também. Para evitar até essas pequenas poças, calhas e canos devem ser checados todos os meses, pois um leve entupimento pode criar reservatórios ideais para o desenvolvimento do Aedes aegypti.

Coloque tela nas janelas

     Embora não seja tão eficaz, uma vez que as pessoas não ficam o dia inteiro em casa, colocar telas em portas e janelas pode ajudar a proteger sua família contra o mosquito Aedes aegypti. O problema é quando o criadouro está localizado dentro da residência. Nesse caso, a estratégia não será bem sucedida. Por isso, não se esqueça de que a eliminação dos focos da doença é a maneira mais eficaz de proteção.

Lagos caseiros e aquários

     Assim como as piscinas, a possibilidade de laguinhos caseiros e aquários se tornarem foco de febre chikungunya deixou muitas pessoas preocupadas. Porém, peixes são grandes predadores de formas aquáticas de mosquitos. O cuidado maior deve ser dado, portanto, às piscinas que não são limpas com frequência.

Seja consciente com seu lixo

     Não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos e riachos. Assim você garante que eles ficarão desobstruídos, evitando acúmulo e até mesmo enchentes. Em casa, deixe as latas de lixo sempre bem tampadas.

Uso de repelentes

     O uso de repelentes, principalmente em viagens ou em locais com muitos mosquitos, é um método paliativo para se proteger contra a febre chikungunya. Recomenda-se, porém, o uso de produtos industrializados. Repelentes caseiros, como andiroba, cravo-da-índia, citronela e óleo de soja não possuem grau de repelência forte o suficiente para manter o mosquito longe por muito tempo. Além disso, a duração e a eficácia do produto são temporárias, sendo necessária diversas reaplicações ao longo do dia, o que muitas pessoas não costumam fazer.

Suplementação vitamínica do complexo B

     Tomar suplementos de vitaminas do complexo B pode mudar o odor que nosso organismo exala, confundindo o mosquito e funcionando como uma espécie de repelente. Outros alimentos de cheiro forte, como o alho, também podem ter esse efeito. No entanto, a suplementação deveria começar a ser feita antes da alta temporada de infecção do mosquito, e nem isso garante 100% de proteção contra a febre chikungunya. A estratégia deve se somar ao combate de focos da larva do mosquito, ao uso do repelente e à colocação de telas em portas e janelas, por exemplo.
Fontes de referência;
  • Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
  • Ministério da Saúde
  • Modificado a partir de: UJVARI, Stefan Cunha. Pandemias - A humanidade em risco; Editora Contexto, 2011; P53-69.



Quer saber mais sobre vulcões e sobre terremotos?

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Confira os posts sobre o assunto! Conheça causas, efeitos e entenda o que são essas manifestações da natureza!
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Vulcões e terremotos

Os vulcões e terremotos representam as formas mais enérgicas e rápidas de manifestação dinâmica do planeta. Ocorrem tanto em áreas oceânicas como continentais, e são válvulas de escape que permitem o extravasamento repentino de energias acumuladas ao longo de anos, milhares ou milhões de anos. Esses eventos são sinais de que, no interior da Terra, longe dos nossos olhos e instrumentos de pesquisa, ocorrem fenômenos dinâmicos que liberam energia e se refletem na superfície, modificando-a. Por outro lado, também existem formas lentas de manifestação da dinâmica interna terrestre. As placas tectônicas, conforme a teoria da Tectônica de Placas, incluem continentes e partes de oceanos, que movem-se em mútua aproximação ou distanciamento, a velocidades medidas de alguns centímetros por ano, assim contribuindo para a incessante evolução do relevo e da distribuição dos continentes e oceanos na superfície terrestre.

Fonte: http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Zoologia/material_didatico/prof_marcello/Geologia/Terra_Dinamica

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Abaixo, entenda a Escala Richter!

Escala Richter

Escala Richter

Vídeo sobre terremotos e vulcões