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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Na natureza é melhor

Elefantes de zôos vivem menos e têm a saúde pior do que os selvagens
Elefantes adultos e filhotes passeiam livres na natureza (foto: C. Moss/ATE).

Você assistiu ao desenho animado Madagascar? Já ouviu falar nele? Esse filme conta a história do leão Alex, a principal atração do zoológico de Nova York. Ele, que sempre viveu em cativeiro, não está satisfeito com a sua vida no zoológico. Algo que seu amigo Marty, uma zebra, não consegue entender, já que considera viver no zoológico uma maravilha. Com a fuga de Alex, porém, não só Marty como outros animais do zôo vão descobrir como é a vida selvagem, ao irem parar na ilha de Madagascar, na África. No grupo, não há nenhum elefante, mas você sabia que, se houvesse um personagem assim no filme, ele poderia dizer, sem medo de errar, que animais desse tipo encontrados na natureza vivem por mais tempo e são mais saudáveis do que os de zoológico?

Pois é. Essa descoberta, anunciada recentemente por pesquisadores de universidades do Canadá e do Reino Unido, foi feita a partir do estudo de mais de 4.500 elefantes fêmeas, de zoológicos da Europa e de áreas de preservação localizadas no Quênia (África) e em Mianmar (Ásia). Pesquisadores descobriram que os animais podem sofrer uma série de problemas físicos e psicológicos se as condições no zoológico ou no seu cativeiro não forem adequadas.


Elefante asiático em zoológico europeu (foto: Born Free Foundation/Chris Draper).

Segundo o estudo, os elefantes africanos vivem, em média, 17 anos no cativeiro e até 56 em vida livre. Já os asiáticos chegam, em média, a uma idade de 19 anos nos zoológicos e 42 na natureza, sendo que a sua expectativa de vida pode ser ainda menor, de acordo com as condições em que vivem.

“Os animais que trabalham para a indústria madeireira no Sudeste da Ásia, por exemplo, têm um risco elevado de morte, e muitas vezes não chegam a completar oito anos”, conta a zoóloga Georgia Mason, da Universidade de Guelph, no Canadá, referindo-se a elefantes que são usados para a derrubada de árvores em território asiático.

Segundo a zoóloga, como é difícil que os elefantes consigam se reproduzir em cativeiro, a população de animais não aumenta muito e, por isso, é sempre necessário que novos elefantes sejam trazidos da natureza. “As taxas de nascimento são muito pequenas. Antigamente, pensava-se que simplesmente os machos não conseguiam aproximar-se facilmente das fêmeas, mas, hoje, sabemos que muitas fêmeas têm problemas de saúde que as impedem de se reproduzir”, explica. “Ninguém sabe ainda por que isso acontece, mas se acredita que esses problemas possam ser causados por estresse e obesidade.”


Saúde em risco


(Ilustração: Maurício Veneza).
Pois é: quem diria que os elefantes sofrem com excesso de peso? Esse, porém, não é o único problema de saúde que eles podem desenvolver em cativeiro.
Georgia Mason conta que doenças ligadas ao sistema circulatório, assim como tuberculose, entre outras, afetam os elefantes. “Podemos observar que mais da metade dos animais apresenta algum desses problemas”, explica. Os elefantes nascidos em cativeiro sofrem risco ainda maior do que os trazidos da vida selvagem, pois são levados de um zoológico para o outro e, por vezes, afastados de suas mães.
“Os animais que permanecem em cativeiro costumam apresentar um comportamento repetitivo, muitas vezes movem-se de um lado para o outro sem motivo, e até mesmo agridem os tratadores”, conta a zoóloga Khyne Mar, do Departamento de Ciências dos Animais e das Plantas da Universidade de Sheffield, localizada na Inglaterra.
  • Um lugar melhor para viver
Mas como os jardins zoológicos podem ajudar a acabar com esses problemas? Para Georgia Mason, o melhor a se fazer é parar de transferir animais entre zoológicos, pois os elefantes são animais sociais e o distanciamento do grupo pode fazer com que eles fiquem doentes. “Seria importante também deixar os filhotes fêmeas junto de suas mães pelo maior tempo possível, até mesmo pela vida toda, como ocorreria na natureza”, comenta. “As filhas que são afastadas de suas mães têm maior chance de morrer prematuramente.”
Além disso, Khyne Mar lembra que o lugar onde ficam os elefantes precisa ser espaçoso para permitir que os animais possam se movimentar. “Os zoológicos devem construir cercados grandes para facilitar o movimento e permitir o contato com animais da mesma espécie”, afirma. E aí? O zoológico da sua cidade cumpre essa recomendação? Se a resposta for “não”, que tal dar essa dica para a administração do local? Sua atitude pode ajudar um elefante e render bons resultados!
*Igor Waltz - Ciência Hoje das Crianças - 19/12/2008

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Bem-vindos à estação do astro-rei

Colunista reverencia a chegada do verão e destaca o papel do Sol na geração de energia

Nos próximos dias, para os habitantes do hemisfério Sul, começará uma das estações mais esperadas, associada às épocas de festas e férias. No dia 21 de dezembro, às 10h04min (horário de Brasília), terá início o solstício de verão. A palavra solstício significa “sol parado” e foi dada porque, nesse dia, o astro-rei nascerá na posição mais ao sul e, a partir de então, sua nascente começará a se deslocar até que, no dia 20 de março de 2009, chegue exatamente no leste.


A Pirâmide do Sol, erguida nos primeiros séculos da era cristã em Teotihuacan, nos arredores da Cidade do México. Alguns arqueólogos defendem que ela era usada para a adoração do Sol. Clique na imagem para ler mais sobre a civilização que construiu esse monumento (foto: Bernardo Esteves).


Embora o senso comum diga que o Sol nasce no leste todos os dias, esse fenômeno somente ocorre em dois dias do ano: no início da primavera e do outono. No dia 21 de dezembro, poderemos perceber que, ao nascer, o Sol estará bem distante do leste. Se estivéssemos na região mais ao norte da Antártida, veríamos o Sol nascer no sul e não no leste.

As estações do ano sempre influenciaram as atividades humanas. A diferença de iluminação do globo ocorre porque o eixo de rotação da Terra é inclinado em aproximadamente 23 graus em relação a uma reta perpendicular ao plano de sua órbita.

Os povos primitivos sabiam da importância do Sol na sua existência. Grande parte desses povos tinha o Sol como uma divindade, responsável pela preservação da vida. Períodos muito quentes levavam a secas e períodos com pouca luz, a invernos rigorosos. Dessa maneira, era comum serem feitos sacrifícios (inclusive humanos) para acalmar a fúria do astro-rei. Com a passagem do tempo, começou-se a perceber que essas mudanças eram periódicas e possíveis de se prever.

Fonte primária de energia

A importância do Sol vai além da luminosidade e do conforto térmico por ele proporcionados. Praticamente toda a energia utilizada pela humanidade tem o Sol como fonte primária. Por exemplo, a energia que extraímos dos alimentos foi acumulada nas ligações químicas produzidas pelas plantas durante o processo de fotossíntese. Esse processo ocorre quando as plantas utilizam energia da luz solar para converter dióxido de carbono, água e minerais em compostos orgânicos e oxigênio gasoso.

Praticamente toda a energia utilizada pela humanidade tem o Sol como fonte primária. A energia da biomassa, por exemplo – como a do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar –, é derivada da fotossíntese, na qual a luz solar é usada pelas plantas para a síntese de moléculas orgânicas (foto: José Reynaldo da Fonseca).

Ao ingerir alimentos, os organismos os transformam, com processos digestórios, em moléculas que permitirão às células extrair essa energia química e garantir a manutenção da vida. Ao comer alimentos de origem animal, também se obtém energia, armazenada na forma de gorduras, açúcares e proteínas.

A energia da biomassa, cada dia mais utilizada, também é obtida a partir da fotossíntese. O álcool extraído da cana-de-açúcar e o biodisel dos óleos vegetais têm a vantagem de que o gás carbônico liberado da sua queima no interior dos motores é incorporado novamente pelas plantas para a realização de um novo ciclo, minimizando os efeitos do aquecimento global.

Muitos outros processos utilizam a energia advinda do Sol. Nas hidrelétricas, por exemplo, a luz solar influencia o ciclo de chuvas que enchem os reservatórios. Já o petróleo é formado pelo processo decomposição de matéria orgânica, restos vegetais, algas, alguns tipos de plâncton e restos de animais marinhos – ocorrido durante centenas de milhões de anos no subsolo. Mas como o Sol produz energia?


Interações nucleares

O Sol é um imenso corpo com massa de aproximadamente 10 31 kg (10 seguido de 31 zeros), composto basicamente por hidrogênio e hélio (os elementos mais abundantes do universo). Essa enorme quantidade de massa gera uma força gravitacional que o comprime e, como conseqüência, aumenta a temperatura no seu interior. No núcleo, a temperatura é da ordem de milhões de graus, fazendo com que os átomos ali presentes fiquem totalmente ionizados, ou seja, no estado de plasma.

Nessa situação, os elétrons, que normalmente estariam ao redor do núcleo, são arrancados das suas órbitas, sobrando apenas um “caroço” carregado positivamente. No caso do hidrogênio, há apenas um próton (partícula com carga elétrica positiva); já os átomos de hélio têm dois prótons e dois nêutrons (partículas sem carga elétrica).


Graças à fusão nuclear, o Sol age como uma grande fornalha que produz, a cada minuto, uma quantidade de energia equivalente a 10 milhões de vezes a produção anual de petróleo da Terra (foto: Nasa/ Transition Region & Coronal Explorer).

Em altíssimas temperaturas, esses núcleos movem-se velozmente e colidem constantemente. Quando isso ocorre, formam-se novos elementos por meio de um processo chamado de fusão nuclear.

O fato de os núcleos atômicos terem cargas elétricas positivas faz com que surja uma força elétrica repulsiva quando eles se aproximam (cargas de mesmo sinal se repelem). Mas, como a alta temperatura fornece grande quantidade de energia de movimento, os núcleos se aproximam suficientemente para que outra força fundamental da natureza – a força nuclear forte – entre em ação e vença a repulsão elétrica. Essa força tem um alcance muito curto, da ordem de 10 -15 m, e é a responsável pela coesão dos núcleos atômicos.

No caso Sol, o processo predominante é o chamado ciclo do hidrogênio, por meio do qual quatro desses átomos interagem e se transformam em um átomo de hélio. Para isso, dois prótons (que são núcleos dos átomos de hidrogênio) se transformam em dois nêutrons. Para que haja a conservação da carga elétrica, ocorre a emissão de duas partículas com massa igual à do elétron, mas com carga positiva (o pósitron).

Equação da energia

O átomo de hélio e as partículas produzidas nesse processo têm massa menor do que a dos quatro átomos de hidrogênio que deram início à reação. Essa diferença de massa é convertida em energia, como previsto pela famosa equação do físico alemão Albert Einstein (1879-1955), E=mc 2 , na qual m é a diferença de massa e c, a velocidade da luz. Como c tem um valor muito grande, uma pequena quantidade de massa equivale a uma enorme quantidade de energia.

A cada minuto, 36 bilhões de toneladas de hidrogênio estão sendo transformadas em hélio no Sol, liberando uma energia equivalente à queima de 8×10 20 (8 seguido por 20 zeros) litros de gasolina por minuto, ou a mais de 10 milhões de vezes a produção anual de petróleo da Terra. Ao gerar toda essa energia, o Sol equilibra a força gravitacional e fica estável por uma escala de aproximadamente 10 bilhões de anos.

Esse processo que ocorre no Sol é similar ao que acontece na maioria das estrelas. Atualmente sabemos que muitas delas possuem planetas ao seu redor. Dependendo da distância que separa esses astros das estrelas, eles podem receber quantidades apreciáveis de energia.

É possível que, em alguns deles, essa energia possa ter impulsionado a eclosão da vida e até sustentado formas complexas como a nossa. Talvez alguns desses supostos habitantes também estejam esperando o início de um verão e também reverenciem a importância da luz do seu sol, como os belos versos de Caetano Veloso: “Luz do Sol/ Que a folha traga e traduz/ Em verde de novo/ Em folha, em graça, em vida em força em luz.”

Adilson de Oliveira -Departamento de Física - Universidade Federal de São Carlos -19/12/2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Jóias do Sistema Solar

Informações sobre os anéis de Saturno e de outros planetas


Em 2004, a sonda espacial Cassini tirou uma série de fotos de Saturno. Elas foram usadas para compor esta imagem: a mais detalhada já feita do planeta e de seus anéis (imagens: NASA/JPL).

Saturno é conhecido como “o planeta dos anéis”. Mas você sabe quando eles foram descobertos? Do que são feitos? Ou quantos existem? Pois é hora de descobrir – e ser apresentando a outros planetas que, como Saturno, também têm anéis!

Há quase 400 anos...

Os anéis de Saturno foram descobertos em 1610 por Galileu Galilei. Nascido em 1564, ele foi a primeira pessoa a mostrar que a Terra girava em torno do Sol. Por conta das limitações do equipamento que utilizou para observar Saturno, a princípio Galileu interpretou o que estava vendo como sendo duas luas, uma de cada lado do planeta. “Essa idéia fazia sentido porque, pouco antes, Galileu havia descoberto as quatro maiores luas de Júpiter”, explica o astrônomo Jorge Carvano, do Observatório Nacional. Não demorou, no entanto, para Galileu notar que as luas que ele supostamente havia descoberto ao redor de Saturno pareciam não se mover em relação ao planeta, ao contrário do que ocorria com as luas de Júpiter. Além disso, ao apontar novamente o telescópio para Saturno, dois anos após fazer a sua descoberta, Galileu não conseguiu mais ver as luas que imaginava ter descoberto. Com o tempo, aliás, percebeu-se que as estruturas observadas por Galileu Galilei cresciam, encolhiam e desapareciam em intervalos de 15 anos. Mas... o que seriam elas?!


Galileu Galilei foi a primeira pessoa a observar os anéis de Saturno (ilustração: Mario Bag).

Mistério desvendado
“Em 1655, Christian Huygens, um astrônomo holandês, usou um telescópio bem melhor do que o de Galileu e matou a charada: descobriu que ele havia visto, na verdade, um anel muito fino que estava em órbita ao redor do Equador de Saturno”, conta Jorge Carvano. Tal como acontece na Terra, o Equador de Saturno é uma linha imaginária que divide o planeta em dois hemisférios: o Norte e o Sul. O anel às vezes parecia maior, às vezes menor e, eventualmente, sumia porque o ângulo formado entre o Equador de Saturno e a órbita da Terra varia com o tempo. Há uma inclinação que se altera, de acordo com a época. “Quando esse ângulo atinge um máximo, os anéis estão bem inclinados e nós conseguimos vê-los bem. Quando esse ângulo fica pequeno, porém, nós não conseguimos enxergá-los”, conta Jorge Carvano.

Buracos e luas... nos anéis!
Hoje sabemos que Saturno tem sete anéis. Eles não têm exatamente um nome. São chamados por letras, de A a G. Os anéis são formados por partículas sólidas, compostas principalmente por gelo, mas apresentam também vários outros materiais. Essas partículas podem ter o tamanho de um grão de poeira ou formar pedregulhos com diversos metros de comprimento. “O que diferencia um anel do outro, aliás, são variações na densidade de poeira, na espessura do anel e características das partículas que os compõem”, conta Jorge Carvano. Você sabia também que os anéis de Saturno contêm vários buracos, anéis menores e até mesmo pequenas luas em seu interior? Pois é verdade!


Os anéis de Saturno entre as luas Titã (no alto) e Tétis (embaixo).

Anéis de outros mundos

No Sistema Solar – acredite! – não é apenas Saturno que apresenta anéis. Todos os planetas gigantes também os têm. Júpiter, Urano e Netuno, portanto, contam com estruturas desse tipo. “Saturno, porém, se destaca porque o seu sistema de anéis é de longe o mais extenso, além de ser formado por partículas mais brilhantes”, conta Jorge Carvano. Para ver em detalhe essas estruturas, além de imagens de Saturno e de suas luas, clique na tela abaixo e assista a um vídeo que a CHC fez para levá-lo ao espaço!

Mara Figueira - Ciência Hoje das Crianças - 21/11/2008

Vespas: de vilãs a parceiras

Artigo mostra como esses insetos mais conhecidos por suas ferroadas podem ajudar a conter pragas
Vespa solitária (Eumeninae) transportando lagarta de borboleta recém-capturada (A), e ninho de barro, construído também por vespa solitária nas ferragens de sustentação de um telhado (fotos: Fábio Prezoto).
  • As vespas, insetos pertencentes ao mesmo grupo que formigas e abelhas, são mais conhecidas por suas dolorosas ferroadas do que por sua ecologia. Na verdade, elas são inimigos naturais de outros insetos que se alimentam de plantas. Uma colônia de vespas do gênero Polybia com 40 mil indivíduos, por exemplo, pode capturar mais de mil lagartas de borboletas por dia.
  • Estudos sobre a atuação predatória de vespas sociais têm demonstrado o seu potencial para o controle biológico de várias espécies de insetos consideradas pragas agrícolas, o que reforça a importância de investigar melhor as interações ecológicas entre vespas e herbívoros.
  • As vespas são insetos com dois pares de asas membranosas, ‘cintura fina’ e um ferrão, embora tais características não estejam presentes em todas as espécies. Há cerca de 100 mil espécies conhecidas, amplamente distribuídas pelo planeta, exceto nas regiões mais geladas, e podem ser classificadas, de acordo com sua organização social, em solitárias e sociais. No Brasil, muitas dessas espécies também são chamadas de marimbondos.
  • O grupo das vespas solitárias, com mais de 98% das espécies conhecidas, inclui as parasitóides e/ou predadoras de um amplo leque de invertebrados, como lagartas, grilos, percevejos, pulgões, baratas e aranhas. As parasitóides põem os ovos sobre as vítimas e suas larvas alimentam-se do corpo destas.
  • A palavra inglesa wasp (que deu origem a ‘vespa’) significa ‘carregador de cadáver’, e provavelmente foi atribuída a tais insetos porque algumas espécies carregam as presas para seus ninhos. Entre as vespas solitárias há desde espécies com poucos milímetros de comprimento, como as do gênero Trichogramma, que parasitam ovos de outros insetos, até algumas com mais de 5 cm, como as do gênero Pepsis, que caçam aranhas.
  • Algumas vespas solitárias põem seus ovos sobre as vítimas no ambiente natural, como Cotesia flavipes, parasitóide da lagarta Diatraea saccharalis (conhecida como broca da cana-de-açúcar), mas outras precisam de um ninho para abrigar a prole. Para isso, podem ocupar cavidades pré-existentes (saliências no solo ou em troncos), cavar orifícios no solo ou construir ninhos com barro – estes associados, com freqüência, a construções humanas.
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Fábio Prezoto, Simone Alves de Oliveira Cortes e André Carneiro Melo
Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Comportamento e Biologia Animal),
Laboratório de Ecologia Comportamental
Universidade Federal de Juiz de Fora (MG)
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Você leu apenas o início do artigo publicado na CH 253. Clique no título da postagem para baixar a versão integral (3,1 MB). O arquivo inclui ainda outro artigo publicado na seção Primeira Linha.

A peça que faltava

Antártica é o último continente no qual o aquecimento foi comprovadamente atribuído à ação humana


Lagos de gelo derretido no mar gelado ao redor da ilha de Coburg, em Nunavut, Canadá. Uma relação clara entre a ação humana e o aquecimento global já havia sido apontada na região do Ártico, retratada acima, mas nunca no caso da Antártica (foto: Sandy Briggs).


Nos últimos anos, estudos haviam permitido atribuir à ação do homem o aumento da temperatura verificado em várias regiões do planeta. Mas faltava ainda demonstrar isso para um último continente: a Antártica. Isso acaba de ser feito por uma equipe internacional de cientistas, que mostrou que o aumento de temperatura nos dois pólos do planeta é motivado por atividades humanas, como o lançamento na atmosfera de gases que promovem o efeito-estufa e outros poluentes.


A pesquisa afasta a hipótese levantada em estudos anteriores que atribuíam as mudanças na temperatura das regiões polares à variabilidade natural de seu clima. Os resultados, publicados hoje na internet pela revista Nature Geoscience, reforçam a importância da adoção de medidas para evitar e combater o aquecimento global.


Iceberg na ilha de Baffin em Nunavut, Canadá, com pequenos lagos de gelo derretido em primeiro plano. O aquecimento no Ártico foi associado a um rápido declínio da extensão do gelo do mar no verão (foto: Sandy Briggs).

Não era fácil atribuir à ação humana as mudanças climáticas verificadas na Antártica, seja devido à grande variabilidade do clima local, seja pela pouca qualidade dos dados colhidos ali por cientistas. Não por acaso, o próprio Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas havia reconhecido que faltava comprovar a relação entre ação humana e aquecimento naquele continente.

Para resolver esse impasse, os pesquisadores observaram os padrões de aumento da temperatura em regiões do Ártico e da Antártica (nos pólos Norte e Sul, respectivamente) com a utilização de registros da temperatura do ar feitos desde 1900. Os padrões observados foram comparados com simulações computadorizadas que previam como seria a evolução dessas temperaturas em dois tipos de cenários – com e sem as emissões de gases do efeito-estufa e outros poluentes (como de dióxido de carbono e de clorofluorcarbonetos – CFCs) originadas por atividades humanas.


Os resultados não deixam margem a dúvidas. As únicas simulações da evolução do clima polar compatíveis com os registros de temperatura de fato observados são aquelas que levam em conta a interferência humana.


Culpa inequívoca
“O estudo mostra que a atividade humana é culpada pela mudança climática em todos os continentes, mesmo nas áreas polares” resume à CH On-line um dos autores do artigo, o climatologista Peter Stott, da Universidade de Exeter (Inglaterra).

Iceberg no estreito das Geleiras, situado em Nunavut, Canadá (foto: Sandy Briggs).

“Isso confirma que as ações do homem podem ter conseqüências profundas bem longe das regiões onde são feitas as atividades poluentes e podem inclusive chegar a um continente como a Antártica, no qual não há sequer uma população permanente”, completa Stott. Apenas cientistas e pessoal de apoio das bases polares residem na Antártica e a estadia é temporária.
Peter Stott lembra que o aquecimento das regiões polares pode trazer conseqüências sérias para todo o planeta. “Com a grande quantidade de gelo que existe nessas áreas, o derretimento elevará globalmente o nível do mar”, prevê. “Além disso, o aquecimento traz um provável declínio de espécies no Ártico como, por exemplo, os ursos polares.”

O meteorologista Alexey Karpechko da Universidade de East Anglia (Inglaterra), também autor da pesquisa, alerta para a gravidade do problema na Antártica. “Os padrões de aquecimento na Antártica são especialmente afetados pela destruição da camada de ozônio”, ressalta. “A menos que ela se recupere, o aquecimento na Antártica será amplificado nos próximos anos.”

Tatiane Leal - Ciência Hoje On-line - 30/10/2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lobo mau? Será?

Conheça o lobo-guará, um animal tímido que corre risco de desaparecer do mapa

“Para que essa boca tão grande? Para te comer!” Quem conhece a história de Chapeuzinho Vermelho, com certeza, lembra dessa conversa. No conto, o lobo não é flor que se cheire, aliás, é malvado à beça. Por conta da fábula que correu o mundo, acredita-se que onde há lobo, há perigo. Será? No caso do lobo-guará, é ele que corre risco: o de sumir do mapa!

Procura-se!

Nome científico: Chrysocyon brachyurus.

Nome popular: lobo-guará.

Tamanho: cerca de 1,5 metro da cabeça à cauda.

Peso: em torno de 23 quilos.

Local onde é encontrado: campos e cerrados da América do Sul, do centro-sul do estado do Maranhão até o Uruguai e do extremo leste do Peru até o estado do Espírito Santo.

Hábitat: cerrados e campos.

Motivo da busca: animal ameaçado de extinção!

O lobo-guará, segundo os pesquisadores, é um animal tímido, difícil de ser avistado. Por outro lado, é muito ágil: com suas longas patas corre pela vegetação quando fareja algum perigo ou em busca de alimento. Ao contrário do lobo-mau, o guará não come gente. Sua alimentação inclui pequenos mamíferos – principalmente, ratos silvestres –, aves e insetos, além de frutos, em especial a chamada fruta-de-lobo ou lobeira, comum no cerrado e em algumas localidades do nordeste e do sul do país. A lobeira fornece frutos parecidos com o tomate o ano todo e, por isso, é muito importante para os lobos nos períodos de seca.


Quando encontra seu par, o lobo-guará costuma ter de dois a quatro filhotes. O macho fica com a família até que os filhotes tenham certa independência. Depois, ele se afasta e, então, cabe à mãe alimentá-los e protegê-los.


A principal causa do desaparecimento do lobo-guará é a utilização das áreas em que vive para agricultura e criação de gado. Freqüentemente, ele também é vítima de caça e envenenamento por ser considerado perverso, dado que algumas vezes ataca animais domésticos.


É importante saber mais sobre os hábitos dos animais silvestres para que possamos concluir o quanto é importante a preservação de seu hábitat.


Salvatore Siciliano
Escola Nacional de Saúde Pública
Fundação Oswaldo Cruz
Revista Ciência Hoja para Crianças - Edição 195

Quer saber mais sobre vulcões e sobre terremotos?

terremoto

Confira os posts sobre o assunto! Conheça causas, efeitos e entenda o que são essas manifestações da natureza!
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Vulcões e terremotos

Os vulcões e terremotos representam as formas mais enérgicas e rápidas de manifestação dinâmica do planeta. Ocorrem tanto em áreas oceânicas como continentais, e são válvulas de escape que permitem o extravasamento repentino de energias acumuladas ao longo de anos, milhares ou milhões de anos. Esses eventos são sinais de que, no interior da Terra, longe dos nossos olhos e instrumentos de pesquisa, ocorrem fenômenos dinâmicos que liberam energia e se refletem na superfície, modificando-a. Por outro lado, também existem formas lentas de manifestação da dinâmica interna terrestre. As placas tectônicas, conforme a teoria da Tectônica de Placas, incluem continentes e partes de oceanos, que movem-se em mútua aproximação ou distanciamento, a velocidades medidas de alguns centímetros por ano, assim contribuindo para a incessante evolução do relevo e da distribuição dos continentes e oceanos na superfície terrestre.

Fonte: http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Zoologia/material_didatico/prof_marcello/Geologia/Terra_Dinamica

Saiba mais, lendo os posts sobre vulcões e terremotos!

Abaixo, entenda a Escala Richter!

Escala Richter

Escala Richter

Vídeo sobre terremotos e vulcões