Os diferentes grupos sanguíneos da espécie
humana ocorrem devido à existência de antígenos nos glóbulos vermelhos. A presença
desses antígenos é determinada geneticamente.
Os antígenos são proteínas encontradas na
membrana que envolve os glóbulos vermelhos ou hemácias e que estimulam a produção
de anticorpos.
DESCOBERTA DOS GRUPOS SANGUÍNEOS, SISTEMA ABO
Quando se mistura o sangue de duas
pessoas, os glóbulos vermelhos podem permanecer livres, como normalmente se encontram
no plasma, ou se juntar uns aos outros, formando estruturas semelhantes a
pequenos coágulos. Neste último caso dizemos que ocorreu aglutinação.
O fenômeno da aglutinação acontece quando há
incompatibilidade entre os tipos sanguíneos e isso se deve a uma reação do tipo
antígeno-anticorpo. Os antígenos existem naturalmente nos glóbulos vermelhos e são
denominados aglutinogênios; os
anticorpos existem naturalmente no plasma e são denominados aglutininas. Estas agem contra aglutinogênios
específicos.
Com base nesses conhecimentos, entre 1900
e 1902, Karl Landsteiner, médico austríaco, descobriu os diferentes grupos sanguíneos
do sistema ABO.
TRANSFUSÕES DE SANGUE
A medicina serve-se das transfusões de
sangue para salvar vidas em casos de cirurgia, acidentes com hemorragia séria e
doenças graves. Porém, o processo requer cuidados para evitar o fenômeno da aglutinação
dos glóbulos vermelhos, que pode causar a morte do indivíduo receptor.
Só ocorre aglutinação quando os glóbulos vermelhos
(hemácias) do doador contêm antígenos correspondentes às aglutininas do plasma
do receptor. Quando há aglutinação, é o sangue do doador que coagula nos vasos sanguíneos
do receptor.
Doador
|
Receptor
|
Resultado
|
Antígeno A
|
Aglutinina
anti-A
|
Aglutinação
|
Antígeno A
|
Aglutinina
anti-B
|
Não aglutinação.
|
Grupo sanguíneo
|
Aglutinação
(nas hemácias)
|
Aglutinina
(no plasma)
|
A
|
A
|
Anti-B
|
B
|
B
|
Anti-A
|
AB
|
A e B
|
-
|
O
|
-
|
Anti-A e
anti-B
|
No caso de uma transfusão de sangue, o
doador deve pertencer a um grupo compatível com o do receptor. A compatibilidade
sanguínea entre os quatro grupos do sistema ABO é indicada na tabela acima.
Alguém com sangue do tipo O, por exemplo,
pode doar para qualquer grupo sanguíneo. Daí a expressão “doador universal”
para os indivíduos do tipo O.
O indivíduo com sangue do tipo AB, como não
possui aglutinina no plasma, pode receber sangue de qualquer outro tipo, daí
ser denominado “receptor universal”.
SISTEMA Rh
Experimentos desenvolvidos por Landsteiner
e outros pesquisadores, em 1040, revelaram a existência de mais um sistema de
grupo sanguíneo humano, que foi denominado sistema Rh. Eles injetaram o sangue
de um macaco do gênero Rhesus em
coelhos e obtiveram um anticorpo, produzido pelos coelhos, que tinha a
propriedade de aglutinar os glóbulos vermelhos do macaco.
O anticorpo presente nos glóbulos vermelhos
do macaco Rhesus, que determinou a produção
do anticorpo nos coelhos, foi chamado fator
Rh e o anticorpo, anti-Rh. A sigla
Rh originou-se das duas letras iniciais do nome Rhesus, macaco da Índia usado
no estudo.
Os cientistas, ao testarem o sangue de 448
pessoas de Nova York, verificaram que 85% apresentavam glóbulos vermelhos que
reagiam com anti-Rh. Essas pessoas, portanto, possuíam, nos glóbulos vermelhos,
o fator Rh e foram chamadas de Rh-positivas (Rh+). Os 15% restantes,
cujos glóbulos vermelhos não aglutinavam na presença de anti-Rh, não possuíam o
fator Rh. Essas pessoas foram chamadas Rh-negativas (Rh_).
Os anticorpos anti-Rh não existem
naturalmente no sangue das pessoas. Somente os indivíduos Rh_ podem
produzir esses anticorpos quando recebem uma transfusão de sangue Rh+.
Daí decorre a importância de se conhecer o Rh das pessoas, principalmente para
a transfusão de sangue e para que sejam evitados problemas durante a gravidez
de mulheres Rh_.
As pessoas Rh_ devem receber
sangue de doadores Rh_, pois somente nessa condição não ocorre produção
de anticorpos anti-Rh.
Com a descoberta do fator Rh, passaram a
ser considerados doadores universais os indivíduos com sangue tipo O e Rh_.
ERITROBLASTOSE FETAL
Um bom acompanhamento médico durante a
gravidez pode evitar ou reduzir os efeitos de um problema congênito: a
eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN).
A eritroblastose fetal ocorre em feto Rh+
com mãe Rh_ sensibilizada com anti-Rh.
COMO SE DÁ A SENSIBILIZAÇÃO DA MÃE?
Pela placenta, dentro do útero da mãe, em condições
normais, o sangue do feto não passa para a circulação materna. Entretanto, podem
ocorrer hemorragias naquele tecido e, com isso, os glóbulos vermelhos do sangue
do feto passam para a circulação materna. Então, os glóbulos vermelhos do feto
com fator Rh (Rh+) sensibiliza o sangue da mãe, que produz
anticorpos anti-Rh.
Em gestações posteriores, essa mãe apresentará
um quadro de incompatibilidade sanguínea com outros fetos Rh+. Os anticorpos
formados pela mãe passarão para o sangue do feto Rh+ e provocando
nele um choque hemolítico, ou seja, aglutinação e destruição dos seus glóbulos vermelhos.
A eritroblastose fetal caracteriza-se pela
destruição dos glóbulos vermelhos do feto, que o leva, como consequência, a uma
forte anemia.
A eritroblastose fetal pode ocasionar a
morte da criança recém-nascida ou do feto durante a gestação. No entanto, nos
casos de sobrevivência dos recém-nascidos, estes se recuperam após algum tempo.
Hoje em dia, o problema de incompatibilidade
sanguínea materno-fetal pode ser controlado administrando-se na mãe Rh_,
dentro das primeiras 72 horas após o parto, uma injeção com elevadas doses de
anticorpos anti-Rh. Dessa maneira, esses anticorpos vão atacar e destruir os glóbulos
vermelhos fetais Rh+, invasores do organismo materno, antes que ele
produza os seus próprios anticorpos.
FONTE: Livro de ciências do 8º Ano - CIÊNCIAS NOVO PENSAR - CORPO HUMANO - Demétrio Gowdak e Eduardo Martins - Ed. FTD.
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